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ANTONIO E CLEOPATRA, ATO IV, Cena III

O mesmo. Diante do palácio. Entram dois soldados, para ficarem de guarda.

PRIMEIRO SOLDADO - Bom dia, irmão; é amanhã o dia.

SEGUNDO SOLDADO - Que vai decidir tudo. Passai bem. Ouviste algo estranho pelas ruas?

PRIMEIRO SOLDADO - Não ouvi coisa alguma. Que há de novo?

SEGUNDO SOLDADO - Talvez seja só boato. Boa noite.

PRIMEIRO SOLDADO - Pois não, senhor; o mesmo vos desejo.

(Entram dois outros soldados.)

SEGUNDO SOLDADO - Prestai muita atenção durante a guarda.

TERCEIRO SOLDADO - Vós também. Boa noite. Boa noite. (Os dois primeiros soldados se colocam em seus lugares.)

QUARTO SOLDADO - Nós dois, aqui. (Colocam-se também nos seus.) Caso amanhã a armada leve a melhor, tenho esperança plena de que as forças de terra fiquem firmes.

TERCEIRO SOLDADO - É um exército bravo e decidido. (Música subterrânea, como de oboés.)

QUARTO SOLDADO - Paz! Que barulho é esse?

PRIMEIRO SOLDADO - Ouvi! Ouvi!

SEGUNDO SOLDADO - Ouvi!

PRIMEIRO SOLDADO - Música no ar.

TERCEIRO SOLDADO - Não, sob a terra.

QUARTO SOLDADO - É bom sinal, pois não?

TERCEIRO SOLDADO - Não.

PRIMEIRO SOLDADO -Paz, vos digo. Por que será essa música?

SEGUNDO SOLDADO - É o deus Hércules tão amado de Antônio e que o abandona.

PRIMEIRO SOLDADO - Vamos saber se os outros guardas ouvem o que estamos ouvindo. (Adiantam-se para o outro posto.)

SEGUNDO SOLDADO - Então, amigos?

SOLDADOS - Que é que há! Que é que há? Ouvis alguma coisa?

PRIMEIRO SOLDADO - Ouvimos; não é estranho?

TERCEIRO SOLDADO - Estais ouvindo, mestres? Estais ouvindo?

PRIMEIRO SOLDADO - Acompanhemos o ruído até onde for a guarda. Vejamos como acaba.

SOLDADOS - Certo. É estranho. (Saem.)