Egito. Acampamento de César. Entram César, Dolabela, Tireu e outros.
CÉSAR - Que entre o enviado de Antônio. Conhecei-lo?
DOLABELA - César, é o preceptor dos filhos dele. Preciso é que ele esteja depenado completamente,
para que nos mande uma pena tão fraca, ele que tinha, não há bastantes luas, soberanos como seus mensageiros. (Entra Eufrônio.)
CÉSAR - Entra e fala.
EUFRÔNIO - Tal como sou, da parte vim de Antônio. Até bem pouco eu era tão pequeno para seus planos como o fresco orvalho numa folha de mirto, comparado com a grandeza do mar.
CÉSAR - Que seja assim. Dá logo o teu recado.
EUFRÔNIO - Ele te envia saudares, como ao dono de sua sorte, e te pede poder viver no Egito. Sendo-lhe isso negado, diminui de muito seu pedido, suplicando-te que respirar o deixes entre a terra e ao alto céu, como cidadão de Atenas. Quanto a ele, só. E agora, quanto a Cleópatra: ante tua grandeza ela se inclina, ao teu poder se entrega e de ti pede deixar para seus filhos o diadema dos Ptolomeus, de que dispõe tua graça.
CÉSAR - Dize a Antônio que ouvidos não possuo para quanto ele diga. A soberana não ficará sem ser ouvida, sendo-lhe concedido o que pede, se ao Egito ela expulsar seu degradado amigo, ou lá mesmo o matar. Fazendo ela isso, não pedirá em vão. Para ambos disse.
LUFRÔNIO - Que te diga a Fortuna.
CÉSAR - Acompanhai-o com uma escolta pelo Acampamento. (Sai Eufrônio.) (A Tireu.) Chegou o momento de experimentares tua eloquência. Põe bem depressa nisso. De Cleópatra separa Marco Antônio. Concede em nosso nome tudo quanto te pedir, e oferece o que julgares conveniente inventar. Nos dias prósperos as mulheres não são bastante fortes, mas a necessidade leva à quebra dos votos a vestal nunca tocada. Tireu, revela tua habilidade e faze o edito para o teu trabalho, que, como lei, por tudo respondemos.
TIREU - Partirei, César.
CÉSAR - Vê como é que Antônio recebe esse revés e nos transmite teu modo de pensar de como os fatos possam influir nele.
TIREU - Fá-lo-ei, César. (Saem.)