O mesmo. Diante do palácio. Entram dois soldados, para ficarem de guarda.
PRIMEIRO SOLDADO - Bom dia, irmão; é amanhã o dia.
SEGUNDO SOLDADO - Que vai decidir tudo. Passai bem. Ouviste algo estranho pelas ruas?
PRIMEIRO SOLDADO - Não ouvi coisa alguma. Que há de novo?
SEGUNDO SOLDADO - Talvez seja só boato. Boa noite.
PRIMEIRO SOLDADO - Pois não, senhor; o mesmo vos desejo.
(Entram dois outros soldados.)
SEGUNDO SOLDADO - Prestai muita atenção durante a guarda.
TERCEIRO SOLDADO - Vós também. Boa noite. Boa noite. (Os dois primeiros soldados se colocam em seus lugares.)
QUARTO SOLDADO - Nós dois, aqui. (Colocam-se também nos seus.) Caso amanhã a armada leve a melhor, tenho esperança plena de que as forças de terra fiquem firmes.
TERCEIRO SOLDADO - É um exército bravo e decidido. (Música subterrânea, como de oboés.)
QUARTO SOLDADO - Paz! Que barulho é esse?
PRIMEIRO SOLDADO - Ouvi! Ouvi!
SEGUNDO SOLDADO - Ouvi!
PRIMEIRO SOLDADO - Música no ar.
TERCEIRO SOLDADO - Não, sob a terra.
QUARTO SOLDADO - É bom sinal, pois não?
TERCEIRO SOLDADO - Não.
PRIMEIRO SOLDADO -Paz, vos digo. Por que será essa música?
SEGUNDO SOLDADO - É o deus Hércules tão amado de Antônio e que o abandona.
PRIMEIRO SOLDADO - Vamos saber se os outros guardas ouvem o que estamos ouvindo. (Adiantam-se para o outro posto.)
SEGUNDO SOLDADO - Então, amigos?
SOLDADOS - Que é que há! Que é que há? Ouvis alguma coisa?
PRIMEIRO SOLDADO - Ouvimos; não é estranho?
TERCEIRO SOLDADO - Estais ouvindo, mestres? Estais ouvindo?
PRIMEIRO SOLDADO - Acompanhemos o ruído até onde for a guarda. Vejamos como acaba.
SOLDADOS - Certo. É estranho. (Saem.)