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REI LEAR, ATO II, Cena III

Uma parte da charneca. Entra Edgar.

EDGAR - Eu próprio ouvi o pregão em que diziam que me acho foragido, tendo à caça conseguido
escapar no oco de uma árvore. Não há porto algum livre, nenhum ponto 59 em que não haja guarda e
rigorosa vigilância, no intuito de apanhar-me. Salvo estarei enquanto fugir deles, pretendendo assumir a
mais abjeta, mais humilde aparência com que nunca, no seu desprezo aos homens, a miséria dos animais
se houvesse aproximado. Lama no rosto hei de passar, nos lombos porei qualquer coberta, desmanchados
trarei sempre os cabelos, e, com minha nudez patente, hei de enfrentar a fúria dos ventos e do céu. Tenho
modelos e precedentes aqui mesmo, nesses mendigos tresloucados que, com urros, nos braços nus e
entorpecidos cravam alfinetes, espinhos, pregos, ramos de rosmaninho e, assim, de aspecto horrível, nas
cabanas, nas vilas miseráveis, nos apriscos de ovelhas, nos moinhos, com imprecações de loucos ou com
rezas a caridade forçam. Pobre Tom! Pobre Turlu! Já sou alguma coisa; mas, como Edgar, serei coisa
nenhuma.
(Sai.)

Cena IV

Diante do castelo de Gloster. Kent no cepo. Entram Lear, o bobo e um gentil-homem.

LEAR - É estranho que de casa se partissem sem me terem reenviado o mensageiro.

GENTIL-HOMEM - Pelo que saber pude, até esta noite tenção não tinham de sair de casa.

KENT - Salve, meu nobre mestre!

LEAR - Como! Fazes da vergonha recreio?

KENT - Não, milorde.

BOBO - Ah! ah! Usa ligas muito duras. Os cavalos são amarrados pela cabeça; cachorros e ursos, pelo
pescoço; os macacos, pela cintura, e os homens pelas pernas. Quando alguém tem as pernas muito
desenvoltas, calça meias de pau.

LEAR - Quem errou a tal ponto com teu posto, para te pôr aí?

KENT - Foi ele e ela; o filho e a filha vossa.

LEAR- Não!

KENT - É certo.

LEAR - Não, repito.

KENT - O contrário eu também digo.

LEAR - Não fariam tal coisa.

KENT - Pois fizeram.

LEAR - Juro por Júpiter que não.

KENT - Por Juno, torno a jurar que sim.

LEAR - Não o ousariam, não poderiam tê-lo feito. For a pior do que um assassínio tal ultraje ao respeito
infligir. Com a mais decente pressa agora me conta de que modo pudeste merecer, ou antes, eles
infligir-te essa pena, se aqui vieste de nossa parte como mensageiro.

KENT - No instante em que, senhor, na casa deles a missiva entreguei de Vossa Alteza, sem que tivesse
tido tempo ainda de alçar-me do lugar em que se achava meu dever ajoelhado, fumegante chegou um
correio, em água todo esfeito de tanta pressa, o fôlego cortado, a arquejar cumprimentos de sua ama,
Goneril. Entregou-lhes uma carta - sem se importar com meu recado em curso - que lida fui de pronto, e
a cujo assunto os homens logo reúnem, vão diretos para os cavalos, dizem-me que os siga e o vagar da
resposta aqui esperasse, dirigindo-me sempre olhares frios. Tendo o outro mensageiro aqui encontrado,
cuja chegada, vira-o bem, a minha havia envenenado - e que era o mesmo velhaco que se comportara
contra Vossa Alteza com tanto atrevimento - mostrando-me mais homem do que sábio, saquei da espada,
enquanto ele alarmava toda a casa com berros de covarde. Acharam, vosso filho e vossa filha, essa
infração bastante grave, para o opróbrio merecer por que ora passo.

BOBO - O inverno ainda não passou, no caso de voarem nesta direção os patos selvagens. Quando os
pais só vestem trapos, os filhos nem querem vê-los; quando são ricos e guapos, são para eles só desvelos.
A Fortuna marafona sempre os pobres abandona. Mas apesar de tudo, tuas filhas te proporcionarão mais
dólares do que possas contar em um ano.

LEAR - Oh! Como ao peito esta paixão me sobe! Desce, "histerica passio", dor que sobe! E em baixo teu
lugar. E onde está a filha?

KENT - Senhor, com o conde, aí dentro.

LEAR - Não me sigas; espera aqui.
(Sai.)

GENTIL-HOMEM - Nenhuma ofensa, acaso, fizestes, a não ser a que contastes?

KENT - Nenhuma. Mas por que traz o rei tão pouca gente?

BOBO - Se tivesses sido posto no tronco por essa pergunta, fora bem merecido.

KENT - Por quê, bobo?

BOBO - Vamos pôr-te a aprender com uma formiga, que te ensinará que no inverno não há trabalho.
Todas as pessoas que seguem o nariz são levadas pelos olhos, com exceção dos cegos, não havendo um
só nariz, entre vinte, que não perceba quem está fedendo. Solta a roda grande, quando ela começar a rolar
colina abaixo, se não quiseres quebrar o pescoço; mas quando a roda grande subir a colina, bem: que te

arraste atrás dela. Quando um sábio te der melhor conselho, dá-lhe o meu de retorno. Quisera que só
fosse seguido pelos velhos, por ser conselho de bobo. Quem a outrem serve e lucro tem em mira, e tudo o
mais desleixa, se chove, apronta a trouxa e se retira, e no pegão o deixa. Mas eu não fugirei; o bobo fica;
seja o sábio fujão. Bobo se torna um biltre, quando estica; mas biltre o bobo, não.

KENT - Onde aprendeste isso, bobo?

BOBO - Não foi no cepo, bobo.
(Volta Lear, com Gloster.)

LEAR - Recusam-se a falar-me? Estão doentes? Fatigados? Viajaram toda a noite? Meras tretas;
imagens, tão-somente, de revolta e abandono. Arranja-me outra resposta mais razoável.

GLOSTER - Meu querido senhor, conheceis bem a natureza colérica do duque e como sempre
persistente se mostra e irredutível em quanto determina.

LEAR - Vingança! Peste! Morte! Confusão! Colérica? Que natureza? Ó Gloster, escuta: falar quero,
neste instante, com o Duque de Cornualha e sua esposa.

GLOSTER - Pois não, senhor; já lhes mandei recado.

LEAR - "Já lhes mandei recado!" Entendes-me, homem?

GLOSTER - Entendo, bom senhor.

LEAR - O rei deseja conversar com Cornualha, o pai querido deseja conversar com a própria filha; quer
ser obedecido. Já lhes deram semelhante "recado"? Sangue e vida! Colérico! O duque é mui colérico!
Dizei ao duque ardente... Não; é cedo. Pode ser que se encontre doente mesmo. A descuidar nos levam
sempre as doenças dos deveres que impõe, sempre, a saúde. Já não somos nós mesmos, quando, opressa,
ordena a natureza ao próprio espírito que padeça com o corpo. Esperar devo; combater quero este pendor
violento que me leva a tomar o acesso mórbido pelo homem são. Que morra o meu prestígio!
(Olhando para Kent.)
Por que razão ele se encontra ali? Esse ato me persuade de que a ausência do duque e da duquesa é
fingimento. Ponham logo meu criado em liberdade! Ide dizer ao duque e sua esposa que desejo falar-lhes
neste instante; agora mesmo! Saiam para ouvir-me; se não, em frente aos aposentos deles irei tocar
tambor de dar a morte ao sono com o barulho.

GLOSTER - Quem me dera que entre vós tudo viesse a concertar-se!
(Sai.)

LEAR - Ai de mim! Sinto o coração subir. Para baixo, de novo!

BOBO - Grita com ele, tio, como fazia a cozinheira com as enguias, ao pô-las vivas na frigideira.
Batia-lhes na cabeça com uma vara e gritava-lhes: "Para baixo, mal-educadas! Para baixo!" No entanto,
tinha um irmão que, por pura bondade, passava manteiga no feno do cavalo.
(Entram Cornualha, Regane, Gloster e criados.)

LEAR - Bom dia aos dois.

CORNUALHA - E salve Vossa Graça.
(Kent é posto em liberdade.)

REGANE - Fico alegre por ver Vossa Grandeza.

LEAR - Sim, Regane, sei disso; como as causas também de pensar dessa maneira. Se o não ficasses, eu
me divorciara da tumba de tua mãe como da de uma mulher adúltera. (A Kent.) Então, liberto? Depois
falamos nisso. Minha cara Regane, ah! tua irmã não vale nada. Ó Regane! a maldade corroedora ela
amarrou aqui, como um abutre.
(Indica o coração.)
Mal te posso falar. Não poderias conceber a maneira desumana... Ah, Regane!

REGANE - Por obséquio, senhor, tende paciência. Penso que estais tão longe de apreciar-lhe todo o
mérito, como de esquecer-se ela de seus deveres.

LEAR - De que modo?

REGANE - Não posso crer que minha irmã se tenha descuidado no mínimo de suas obrigações. Se acaso,
meu senhor, procurou restringir a turbulência de vossos seguidores, deu-se tudo com bases tais e tão
recomendáveis intenções, que de toda pecha a expungem.

LEAR - Lanço-lhe a maldição!

REGANE - O senhor, já estais velho! A natureza chegou em vós ao seu confim postremo. Devereis ser
guiado e governado por alguém que, melhor do que vós mesmo, vossas necessidades compreendesse.
Assim, vos peço, retornai para ela, senhor, e confessai que injusto fostes.

LEAR - Eu, pedir-lhe perdão? Vede como isso vai bem com nossa casa: Amada filha, confesso que sou
velho, sendo certo que a velhice é trambolho. Assim, de joelhos,
(Ajoelha-se.)
peço-vos conceder-me cama, roupa e um pouco de alimento.

REGANE - Meu bondoso senhor, não prossigais. São descabidas essas momices. Retornai para ela.

LEAR (levantando-se) - Jamais, Regane; ela cortou-me o séqüito de metade dos homens, dirigiu-me
olhares carrancudos, alcançando-me o coração com a língua viperina. Que em sua fronte ingrata caiam
todas as vinganças que o céu guardado tenha. Insuflai-lhe nos ossos jovens, ares pestilenciais, humores
deformantes! CORNUALHA - Ora, senhor, que coisa!

LEAR - Lançai-lhe, raios ágeis, vossas flamas ofuscantes nos olhos desdenhosos! Infectai-lhe a beleza,
brumas densas aspiradas dos charcos e engendradas pelo potente sol, para que venha a abater-se-lhe o
orgulho e encarquilhar-se. REGANE - Oh deuses abençoados! Iguais votos me fareis, quando vosso
humor violento tomar conta de vós.

LEAR - Jamais, Regane; jamais terás a minha maldição. Teu ser mui delicado não te leva a nenhuma
aspereza. Os olhos dela são ferozes; os teus, porém, confortam, não causam queimaduras. Não se casa
com tua natureza rogar praga contra minhas vontades, reduzir-me o séqüito, lançar-me termos ásperos,
limitar-me a pensão e, finalmente, ferrolhos antepor à minha entrada. Não; mais do que ela sabes os
deveres da natureza, obrigações dos filhos, o que a delicadeza impõe a todos e à gratidão devemos.
Esquecida não estás da metade do meu reino, que te entreguei por dote.

REGANE - Retornemos ao assunto, senhor. LEAR - Quem pôs meu homem no cepo?
(Ouve-se toque de trombeta.)

CORNUALHA - Que trombeta será essa?

REGANE - Conheço o toque; é minha irmã. Sua carta fica assim confirmada com a notícia de que viria
aqui. Chegou a senhora?
(Entra Osvaldo.)

LEAR - Eis um escravo, cujo orgulho fácil e barato repousa nos favores instáveis da senhora a que ele
serve. Fora da minha vista, sacripanta!

CORNUALHA - Que quer dizer com isso Vossa Graça?

LEAR - Quem ao cepo prendeu este meu criado? Regane, espero que não saibas disto. Mas quem vem
lá?
(Entra Goneril.)
Ó céus, se amais os velhos, se com a obediência vosso cetro brando se compadece, se também sois velho,
tomai o meu partido e vinde pôr-vos ao meu lado.
(A Goneril.) Não tens vergonha, acaso, de olhar para estas barbas? Ó Regane! tomá-la pelas mãos?

GONERIL - Por que não há de fazê-lo, meu senhor? Qual foi meu erro? Nem tudo é ofensa que a tolice
julga e a loucura nomeia.

LEAR - Ó flancos! duros sois por demais! Resistireis ainda? Por que no cepo foi parar meu homem?

CORNUALHA - Fui eu que o pus aí, senhor; mas suas desordens não faziam jus a tanta promoção.

LEAR - Como assim! Fostes vós mesmo?

REGANE - Por obséquio, meu pai; já que sois fraco, comportai-vos de acordo. Se até ao prazo final de
vosso mês vos conformardes em voltar para a mana, e lá ficardes, despedindo metade desse séquito,
vinde, então, para mim. Agora me acho fora de casa, sem dispor dos meios necessários a vosso
tratamento.

LEAR - Procurá-la de novo? Cinqüenta homens despedidos? Jamais! Preferiria abjurar todo abrigo e
expor-me à própria inimizade do ar, em companheiro transformar-me do lobo e da coruja, sob a dura
pressão da adversidade. Voltar para ela? Esse ardoroso França, que recebeu sem dote minha filha mais
nova, para mim fora mais fácil diante do trono dele ir ajoelhar-me e, tal qual escudeiro, mendigar-lhe
pensão mesquinha que esta vida abjeta permita sustentar. Voltar para ela! Antes tornar-me escravo ou ser
azêmola deste palafreneiro detestável.
(Mostrando Osvaldo.)

GONERIL - Senhor, à vossa escolha.

LEAR - Filha, peço-te que não me deixes louco. Não desejo, menina, incomodar-te por mais tempo.
Adeus. Não nos veremos nunca mais; nunca mais voltaremos a encontrar-nos. Mas és meu sangue, minha
carne: filha. Ou melhor: uma doença em minha carne, a que forçado sou a chamar minha; és um inchaço,
uma úlcera pestosa, um carbúnculo podre e tumefeito no meu sangue corrupto. Contudo, não quero
repreender-te. Que a vergonha venha quando quiser; não vou chamá-la. Não pedirei ao portador de raios
que troveje, nem nada a teu respeito direi de mal a Jove, o juiz supremo. Se puderes, emenda-te; melhora
quando quiseres. Posso ser paciente. Posso ficar em casa de Regane com meus cem cavaleiros.

REGANE - Mais cuidado! Não contava convosco, nem me encontro preparada para vos dar condigno
acolhimento. Ouvi, senhor, a mana. Quem põe razão nesses acessos vossos facilmente conclui que já
estais velho. Logo... Ela sabe o que convém ao caso.

LEAR - Isso foi bem falado?

REGANE - Quero crê-lo, senhor. Como! Cinqüenta seguidores? Não vos bastam? Quereis mais gente
ainda? Precisareis de tantos? Sim, que os próprios perigos e as despesas esse número desaconselham.
Como poderia haver paz numa casa entre tão grande número de homens sob comando duplo? É difícil se
não quase impossível.

GONERIL - Por que não poderíeis ser servido pela gente da mana ou pela minha? REGANE - Por que
não, meu senhor? Se qualquer deles de vós se descuidasse, fora fácil repreendê-los por isso. Se quiserdes,
assim, morar comigo - e agora vejo que tal coisa é arriscada - pediria que trouxésseis apenas vinte e
cinco. Para mais não terei lugar nem mesmo disposição.

LEAR - Fui eu que vos dei tudo...

REGANE - E em tempo certo o destes.

LEAR - Instituí-vos minhas depositárias e tutoras, reservando-me apenas uma escolta desse número.
Como! Deveria procurar-vos, então, com vinte e cinco? Regane, assim falastes?

REGANE - E repito-o; nem mais um, meu senhor.

LEAR - Certas criaturas boa aparência apresentar conseguem, quando outras em maldade as sobrepujam.
Não sendo as piores, cabem-lhe elogios. Contigo ficarei; os teus cinqüenta o dobro são dos vinte e cinco
dela, e o seu amor tu vales duas vezes.

GONERIL - Senhor, ouvi-me. Que necessidade tendes de vinte e cinco, dez, ou cinco pessoas para vos
servir, em casa que dispõe até mais do dobro disso para tratar de vós?

REGANE - E por que de uma?

LEAR - Oh! não faleis sobre a necessidade. Nossos mendigos mais necessitados muita coisa supérflua
ainda possuem. À natureza concedei apenas o que ela própria exige, e a vida humana tão barata será
como a das feras. És uma dama. Se já fosse luxo andarmos aquecidos, não teria necessidade alguma a
natureza dessas vestes luxuosas que em matéria de aquecimento em nada te protegem. Mas a necessidade
verdadeira... Ó céus, dai-me paciência! É de paciência que necessito agora. Ó deuses! vedes aqui um
pobre velho, tão pesado de anos que de cuidados, duplamente desgraçado! Se acaso levantastes o coração
das filhas contra os pais, não me deixeis tão parvo que suporte tudo isso humildemente; nobre cólera
fazei que em mim desperte, sem deixardes que as armas da mulher, as gotas de água, as faces varonis
manchar me venham. Não, bruxas desumanas! Tal vingança hei de tomar de vós, que o mundo inteiro...
Farei tais coisas - quais, ainda o ignoro - que hão de ser o terror de toda a terra. Pensais talvez que vou
derramar lágrimas? Não, não hei de chorar. Tenho causas sobejas para tanto; mas antes de fazê-lo, há de
partir-se-me o coração em vinte mil pedaços. Bobo, vou ficar louco!
(Saem Lear, Gloster, Kent e o bobo.)

CORNUALHA - Recolhamo-nos; vai haver tempestade.
(Ouve-se a tempestade a distância.)

REGANE - É mui pequena a casa para comportar o velho e mais seus seguidores.

GONERIL - É só dele toda a culpa. Privou-se do conforto, tendo, assim, de provar da própria insânia.

REGANE - De grado o acolheria; mas só ele, sem nenhum de seus homens.

GONERIL - É o que eu penso, também. Mas onde está milorde Gloster? CORNUALHA - Acompanhou
o velho. Ei-lo de volta.
(Volta Gloster.)

GLOSTER - Está furioso o rei.

CORNUALHA - Para onde foi?

GLOSTER - Pede cavalos; mas não sei para onde tenciona dirigir-se.

CORNUALHA - Pois deixemo-lo; saberá conduzir-se.

GONERIL - Não insteis, senhor, de jeito algum para que fique.

GLOSTER - Oh céus! A noite vem baixando, e os ventos penetrantes já sopram com veemência. Em
muitas milhas em redor não se acha facilmente um arbusto.

REGANE - Ora, senhor! os teimosos aprendem com os incômodos que a si mesmos procuram. Fechai
logo vossas portas; os homens que o acompanham são capazes de tudo. O que eles podem induzi-lo a
fazer - sendo de ouvidos tão fáceis de enganar - manda a prudência que com razão temamos.

CORNUALHA - Fechai logo vossas portas, senhor. Minha Regane vos dá um bom conselho. A noite é
horrível; saí da tempestade. Recolhamo-nos.
(Saem.)