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ATO I, Cena II

MACBETH,William Shakespeare,ATO I, Cena II

Um campo perto de Forres
Alarma dentro
Entram o rei Duncan, Malcolm, Donalbain, Lennox e
pessoas do séquito
Encontram um sargento ferido.

DUNCAN - Quem é esse indivíduo ensanguentado? Pelo que mostra, pode dizer algo sobre o estado
recente da revolta.

MALCOLM - E o sargento que, como bom e intrépido soldado, me livrou do cativeiro Salve, valente
amigo! Ao rei relata quanto sabes da luta até ao momento em que saíste dela.

SARGENTO - Duvidoso era o desfecho, como dois cansados nadadores que um no outro se embaraçam,
a arte prejudicando mutuamente O impiedoso Macdonwald, digno em tudo de ser mesmo um rebelde -
que as inúmeras vilanias do mundo em torno dele como enxames esvoaçam - suprimentos das ilhas do
oeste recebeu de quernes e galowglasses; e a fortuna, rindo para sua querela amaldiçoada, mostrou-se
prostituta de um rebelde Mas tudo isso foi fraco em demasia, porque o bravo Macbeth - merece o título -
desdenhando a fortuna, de aço em punho, a fumegar da execução sangrenta, tal como o favorito da
bravura, soube um caminho abrir até postar-se bem na frente do escravo, não lhe tendo apertado a mão
nem dito nenhum adeus, enquanto de alto a baixo não o descoseu e em nossos parapeitos pendurou-lhe a
cabeça.

DUNCAN - Oh bravo primo! Que digno gentil-homem!

SARGENTO - Como nascem tempestades terríveis e arrebentam pavorosos trovões do mesmo lado em

que o sol principia a levantar-se: da mesma fonte, assim, de onde o socorro parecia manar, surgiu o
alarma Presta atenção agora, rei da Escócia: mal havia a justiça, redobrada pelo valor, forçado os ágeis
quernes a confiar nos próprios calcanhares, quando o senhor dos noruegueses, tendo percebido a
vantagem, com polidas armas e gente fresca de reforço, recomeçou o assalto.

DUNCAN - E porventura temor não causou isso em nossos cabos Banquo e Macbeth?

SARGENTO - Como os pardais às águias ou a lebre ao leãoPara dizer o que houve, terei de relatar que
pareciam canhões com dupla carga reforçados Assim eles redobravam no imigo duplos golpes Se
queriam banhar-se em fumegantes feridas, se dar fama a um outro Gólgota, não sei dizê-loMas temo
desmaiar; minhas feridas reclamam por socorro.

DUNCAN - Teu relato te orna tão bem como esses ferimentos; lídimo sabor de honra eles revelam Ide
buscar um cirurgião para ele.
(Sai o sargento, acompanhado.)
(Entra Ross.)
Quem vem aí?

MALCOLM - O muito digno thane de Ross Nos olhos dele, quanta pressa! O olhar assim teria quem nos
viesse dar notícias de fatos muito estranhos.

ROSS - Que Deus proteja o rei.

DUNCAN - Mui digno thane, de onde vens?

ROSS - Grande rei, venho de Fife, onde as bandeiras norueguesas zombam do céu e deixam fria nossa
gente com sua agitação O soberano norueguês em pessoa, com terrível número, reforçado pelo thane de
Cawdor o traidor desleal e pérfido, deu início a um conflito pavoroso, até que o forte noivo de Belona, à
prova de valor, veio com ele defrontar-se em combate singular, espada contra espada, braço contra braço
rebelde, e fez que seu espírito altivo se curvasse Em conclusão: a vitória pendeu do nosso lado.

DUNCAN - Grande felicidade!

ROSS - De tal medo que Sweno, o norueguês, paz nos implora Mas não o deixamos sepultar os mortos
sem que, antes, em Saint Colme, dez mil dólares houvesse pago para nossa caixa.

DUNCAN - Jamais de novo há de trair o thane de Cawdor nosso afeto sem delongas o condenai à morte e com seu título saudai Macbeth.

ROSS - A mim tomo esse encargo.

DUNCAN - Folga Macbeth com o que para ele é amargo
(Saem).