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ANTONIO E CLEOPATRA, ATO IV, Cena V

Alexandria. Acampamento de Antônio. Toque de trombeta. Entram Antônio e Eros; um soldado avança ao encontro de ambos.

SOLDADO - Que hoje os deuses a Antônio dêem bom dia.

ANTÔNIO - Ah! quem me dera que eu te houvesse ouvido, quando instavas, com essas cicatrizes, para eu lutar em terra!

SOLDADO - Se o tivesses feito, os monarcas que se revoltaram contra ti, e o soldado que hoje cedo te abandonou, contigo seguiriam.

ANTÔNIO - Quem fugiu hoje cedo?

SOLDADO - Quem? Pessoa muito chegada a ti. Chama Enobarbo, que ele não te ouvirá, ou então, do campo de César, te dirá: "Não sou dos teus."

ANTÔNIO - Que me dizes?

SOLDADO - Senhor, está com César.

EROS - Senhor, suas canastras e tesouros, ele deixou aqui.

ANTÔNIO - Então partiu?

SOLDADO - Nada mais certo.

ANTÔNIO - Envia-lhe, Eros, tudo, todo o tesouro. Sim, faze isso logo, é o que te digo. Escreve-lhe uma carta - assiná-la-ei - com cordiais adeuses e cumprimentos, e que faço voto para que ele jamais tenha motivo de uma vez mais vir a mudar de mestre. Oh! minha sorte infausta chegou mesmo a corromper os bons. Vai. Enobarbo!