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JULIO CESAR, ATO V, Cena IV

Outra parte do campo de batalha. Alarma. Entram, a lutar, soldados dos dois lados; depois, Bruto, o
moço Catâo, Lucílio e outros.

BRUTO - Assim, concidadãos! Coragem! Vamos!

CATÃO - Quem não terá coragem? Só bastardos poderiam falhar-nos. Quem me segue? Por todo o
campo de batalha mando proclamar o meu nome. Ouvi-me! Filho sou de Marco Catão, imigo acérrimo
dos tiranos, amigo dos romanos. Sou o filho de Catão!

BRUTO - E eu, Marco Bruto!

Marco Bruto! Escutai-me! Bruto! Amigo de minha pátria. Como a Bruto, ouvi-me!
(Enquanto Bruto sai perseguindo o inimigo, Catão é sobrepuja do e cai.)

LUCÍLIO - Ó Catão, nobre e jovem! Já caiste? Morres como Titínio: bravamente.

Qual filho de Catão, serás honrado.

PRIMEIRO SOLDADO - Rende-te, se não, morres.

LUCÍLIO - Só me rendo para morrer.
(Oferecendo-lhe dinheiro.)

Toma isto; é o suficiente para morte me dares imediata. Mata Bruto e, com isso, fica honrado.

PRIMEIRO SOLDADO - Não devemos fazê-lo; é presa nobre.

SEGUNDO SOLDADO - Abri caminho! Ide dizer a Antônio que Bruto caiu preso.

PRIMEIRO SOLDADO - Vou levar-lhe a notícia. Mas eis o general.
(Entra Antônio.)

Senhor, prendemos Bruto.

ANTÔNIO - Onde está ele?

LUCÍLIO - Em segurança, Antônio; Bruto se acha salvo em lugar seguro. Uma só coisa vos posso

asseverar: nenhum imigo jamais prenderá vivo o nobre Bruto. Os deuses o defendam desse opróbrio.
Onde quer que o encontrardes, vivo ou morto, igual será a si próprio, igual a Bruto.

ANTÔNIO - Não é Bruto esse, amigo; mas garanto-vos que não é presa de valor somenos. Guardai este
homem em lugar seguro, dispensando-lhe trato generoso. Prefiro não ter tais homens como amigos a
tê-los como imigos. Apressai-vos; ide ver se está Bruto vivo ou morto. Depois, à tenda me direis de
Otávio como tudo correu.
(Saem.)