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ANTONIO E CLEOPATRA, ATO III, Cena V

O mesma Outro quarto. Entram Enobarbo e Eros, que se encontram.

ENOBARBO - Então, amigo Eros!

EROS - Chegaram notícias muito estranhas, senhor.

ENOBARBO - Que notícias, homem?

EROS - César e Lépido atacaram Pompeu.

ENOBARBO - Ora, isso já é velho. E qual foi o resultado?

EROS - César, tendo-se aproveitado de Lépido na guerra contra Pompeu, recusou-se a reconhecer nele um seu igual, não permitindo que lhe tocasse nenhuma parte da glória desse feito. E sem parar aí, acusa-o, ainda, de haver escrito antes a Pompeu, motivo por que o prendeu, com base na acusação por ele próprio formulada. Assim, o pobre triúnviro está na grade, até que a morte alargue sua prisão.

ENOBARBO - Desse modo ficaste - ó mundo, apenas com um par de queixadas, e ainda mesmo que entre elas jogues tudo o que tiveres, entre si hão de moer-se. Onde está Antônio?

EROS - Passeia no jardim - assim - e pisa a erva que acha, a exclamar de quando em quando: "Que estúpido, esse Lépido!" o pescoço do oficial ameaçado que sem vida deixou Pompeu.

ENOBARBO - Aparelhada nossa grande esquadra se encontra.

EROS - Para o ataque contra César e a Itália. Mais, Domínio; meu amo quer falar-vos com urgência. Depois vos contarei o que ainda falta.

ENOBARBO - Há de ser quase nada. Pouco importa. Levai-me a Antônio.

EROS - Então, senhor, segui-me. (Saem.)